Presidente da APM Piracicaba participa de programa da Jovem Pan News

Na manhã desta quarta-feira, 29 de julho, o presidente da Associação Paulista de Medicina – Piracicaba, Ricardo Tedeschi, foi o convidado do Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan News de Piracicaba. Durante a participação, Tedeschi falou sobre questões pertinentes à pandemia de coronavírus, como os desafios enfrentados pela classe médica, a adaptação do trabalho dentro de consultórios e a valorização da ciência.

O presidente da APM Piracicaba evidenciou de que forma os espaços voltados a atender pacientes, como consultórios, têm trabalhado durante o período de pandemia e quarentena. “Como são serviços essenciais, eles estão autorizados a atender, mas dentro de protocolos pré-estabelecidos. O que se faz é espaçar o horário de atendimento entre os pacientes, atender menos pessoas e adotar medidas como álcool em gel, máscaras, higienização das mãos e o uso de EPIs. Mas eu senti que a procura da população diminuiu, quem está podendo esperar para procurar serviços médicos está esperando e apenas quem realmente está precisando procura essa ajuda.”

Tedeschi afirmou que vem sendo um grande desafio para a classe médica atuar na linha de frente do combate à Covid-19. Para ele, algumas situações dificultam ainda mais o trabalho dos profissionais da Saúde, como as incertezas a respeito da doença, a propagação de fake news e a politização da saúde pública. De acordo com o médico, a população ainda vai precisar de cerca de dois ou três anos para ter uma real percepção do que é a pandemia.

A desinformação acerca de medicamentos que podem ou não ser eficientes para tratar o coronavírus, segundo o presidente da APM Piracicaba, é mais um dos empecilhos que os médicos estão enfrentando na atual situação, além de prejudicar a comunicação e a relação com alguns pacientes.

“O médico, para prescrever uma medicação, tem que estar convicto, baseado em dados científicos, para ter certeza de que aquele medicamento é o melhor para o paciente. Não podemos esquecer que alguns desses medicamentos que estão sendo aí alardeados como tratamento para o Covid tem efeitos colaterais que as vezes podem ser muito graves.”

A transformação de determinados medicamentos em bandeira política também é uma abertura para ataques a profissionais da Saúde que estão tentando achar uma alternativa para ajudar os enfermos. “Tem muita coisa na base do achismo e nada baseado em ciência. Isso não dá respaldo nenhum para o médico e só atrapalha o seu trabalho”, destacou.

De acordo com Tedeschi, sem evidências científicas não é possível identificar qual método de tratamento é o mais eficiente para cuidar de pessoas acometidas pelo vírus. “A gente tem que se basear dando apoio aos órgãos públicos e aos pesquisadores. Nenhum médico é 100% convicto de que esses medicamentos que se tornaram tão populares são eficazes. E é isso que tem que deixar claro para a população, porque a pessoa que o ingere tem que estar ciente que ela pode estar tomando um medicamento que seja ineficaz.”

Durante o bate-papo, ele falou também sobre a esperança de que a vacina contra o coronavírus se mostre eficiente para a população. “Existe essa expectativa do começo do ano, o governo não pode dar prazo porque se não cumprir vai gerar uma frustação muito grande. Mas o estado de São Paulo está trabalhando ativamente, ainda em fase de testagem. Para novembro ou dezembro, vamos poder saber se a vacina realmente funciona e quando será a sua previsão para a população geral poder tomar”, disse.

A participação foi encerrada tratando da recuperação e da volta ao trabalho de profissionais da Saúde infectados pela Covid-19. “Eles estão voltando após fazerem o teste, para saber se realmente não têm chances de infectar ninguém. Se o profissional estiver bem de saúde, ele volta a trabalhar, claro, usando EPIs e se protegendo da maneira mais adequada porque não dá para ficar longe da linha de frente. Existem estudos que demonstram que esse profissional pode ficar quatro ou cinco meses imune, com anticorpos, e depois voltar a ficar suscetível a uma nova infecção, mas isso também não é uma certeza”, concluiu.